A Miomatose uterina é a principal causa do Sangramento Uterino Anormal (SUA) e é responsável pela perda da qualidade de vida, em milhões de mulheres, ao redor do mundo.
Estima-se que metade da população feminina tenha miomas em algum momento do seu ciclo reprodutivo ou seja, da menarca (início da menstruação) até a menopausa. A metade dessas mulheres apresentará sintomas e necessitará de algum tipo de tratamento, ou seja, 25% da população feminina mundial.
Os miomas são classificados quanto a localização;
Os mais externo são chamados de Subserosos e só causam sintomas quando atingem dimensões muito grandes e comprimem órgão vizinhos ao útero como bexiga e intestino, levando a perda de urina e intestino preso respectivamente; os miomas que ficam no meio da parede muscular do útero são os Intramurais e podem causar sintomas compressivos e hemorrágicos; e finalmente, os miomas que ficam dentro da cavidade uterina, chamados de Submucosos, podendo causar hemorragias graves,
abortamentos e cólicas. Não é incomum os miomas prolongarem o ciclo menstrual, levando pacientes a sangrarem por muitas semanas atrapalhando inclusive a intimidade do casal.
Existem basicamente quatro tratamentos disponíveis para a miomatose uterina: Clínico/Hormonal, Miomectomia, Histerectomia e a Embolização.
O tratamento clínico é baseado no uso de hormônios; não é propriamente um tratamento, já que melhora os sintomas, mas não trata a causa principal do sangramento. Além dos efeitos colaterais do uso do hormônio, os sintomas costumam pioram com a interrupção do tratamento.
A Miomectomia é a retirada cirúrgica dos miomas, que pode ser feita através de um corte na barriga – como uma cesárea, ou através da videolaparoscopia. É uma boa opção de tratamento que deve ser sempre considerada, mas é uma cirurgia formal com longos períodos de afastamento.
A Histerectomia é a retirada cirúrgica do útero e, na opinião desse colunista, um procedimento extremamente invasivo e desnecessário quando estamos falando de uma doença benigna como a miomatose. O útero é um órgão de grande importância na vida da mulher… representa o poder da maternidade, da feminilidade, além de dar sustentação a pelve, e ter relação íntima com a sexualidade. Infelizmente a Histerectomia é uma opção terapêutica largamente utilizada. Nos Estados Unidos se realizam aproximadamente 500.000 histerectomias anualmente.
É importante comentar que a miomatose é uma doença benigna e que não se maligniza, ou seja, não pode virar um câncer.
A Embolização de Miomas é um tratamento minimamente invasivo, sem cortes, pontos e cicatrizes, com internação de 24horas e retorno rápido as atividades diárias.
É realizada através de uma punção em uma artéria da virilha ou da mão, e com cateteres muito finos, injeta-se pequenas esferas que ocluem as artérias que levam sangue e oxigênio aos miomas.
Com a falta de suprimentos eles acabam “morrendo” levando a resolução dos
sintomas e a diminuição do tamanho do útero. A gravidez pós embolização não só é possível, como é uma realidade para milhões de mulheres pelo mundo.
É fundamental que a escolha do tratamento envolva a paciente que, juntamente com seu médico, deve optar pelo tratamento que esteja de acordo com suas aspirações e ansiedades sempre objetivando a Saúde e a Qualidade de Vida.
Por: Dr. Henrique Elkis (radiologista intervencionista e cirurgião endovascular)