Nesta última quinta-feira, dia 13 de Outubro de 2022, fui assistir o espetáculo Loucas, em cartaz em São Paulo no teatro Eva Herz.
A peça narra, através de cartas enviadas e recebidas, os dias de Maria do Pilar . Internada jovem em um manicômio onde permanece até a sua morte, isso acontece entre o final do século XIX e início do século XX.
O texto de Sandra Massera tem interpretação de Carolina Stofella, como Maria do Pilar, e o ator e cantor Gilberto Chaves, que interpreta todas as personagens masculinas que passam ao redor de Pilar, e pontua a passagem do tempo e a deterioração da saúde da protagonista a partir de canções da obra do compositor austríaco Franz Schubert (1797-1828).
A personagem foi uma artista à frente do seu tempo, com pensamentos de vanguarda, incompreendida pela família e pela sociedade da época. É enviada à força pela família para um manicômio e ainda jovem, escreve a sua primeira carta para a sua família. Nela aparecem os relatos de sua rotina, a convivência com as suas companheiras, os tratamentos médicos aplicados, a falta que está sentindo do mundo externo e de tudo que lhe foi tirado à força. A partir desse momento, durante os próximos 30 anos acontecerá uma série de troca de cartas com familiares e amigos. Nesses relatos a interna questiona sobre o tempo, como estará o mundo do lado de fora, o uso contínuo dos remédios e tratamentos oferecidos, além de achar que talvez esteja ficando louca.
“A Maria do Pilar representa milhares de mulheres que já sofreram ou sofrem algum tipo de violência, física ou psicológica, que foram obrigadas a renunciar a suas vidas, trancadas em sanatórios exclusivamente por raciocinar, questionar e ter opinião Mulheres que tiveram seus talentos apagados, seus sonhos interrompidos e suas vozes silenciadas. Através deste espetáculo podemos gritar por todas essas mulheres.”– Carolina Stofella.
A interpretação de Stofella no papel de Maria do Pilar é de arrepiar do início ao fim, é possível sentir a luta da personagem em manter a sanidade ao longo de muitos anos de isolamento e descaso de sua família. As canções interpretadas por Gilberto contribuem para deixar as emoções ainda mais à flor da pele.
Apesar da trama se passar entre o final do século XIX e início do século XX, achei que o questionamento que paira ao redor da obra é muito pertinente para os tempos atuais, representando diversas mulheres que são obrigadas a renunciar às suas vidas ou que são violentadas mentalmente e ou fisicamente, somente por pensar, questionar e ter opinião.
Se você gosta de uma peça de forte interpretação, e é de São Paulo, fica aqui minha sugestão para assistir a “Loucas” em cartaz no teatro Eva Herz.
LOCAL: Teatro Eva Herz, Avenida Paulista, 2073 – (Conjunto Nacional – 2º Piso) – Bela Vista. 168 lugares.
DATA: 22/09 até 27/10 (Quinta 20h)
INGRESSOS: R$ 60,00
INFORMAÇÕES: @espetaculo.loucas e 11 3070 4059
VENDAS PELA INTERNET: https://bileto.sympla.com.br/event/76161/d/155998/s/1041105
DURAÇÃO: 70 minutos
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos
FICHA TÉCNICA
Elenco: Carolina Stofella
Tenor: Gilberto Chaves
Piano: Leandro Roverso
texto: Sandra Massera
direção Dan Rosseto
produção e tradução: Fabio Camara
Figurinos: Kleber Montanheiro
Assistente de Figurino: Thaís Boneville
Iluminação: César Pivetti
Cenografia: Dan Rosseto
Visagismo: Louise Hèlene
Operador do Luz: Allan Moreira
Designer Gráfico: Leilane Bertunes
Fotos e Vídeos: Thaís Boneville
Assessoria de Imprensa: Fabio Camara
Social Mídia: D2One Social Media
Produtora Associada: Bravíssimo Produções
Realização: Applauzo Produções e Lugibi Produções