O desejo de desacelerar os efeitos que o passar dos anos demonstram na nossa aparência, cria uma busca constante de técnicas e produtos capazes de realizá-lo da maneira mais natural e saudável possível. Após a febre da “harmonização facial”, realizada por diversos profissionais (médicos e não médicos) com a promessa de resultados imediatos e que deixou muitas pessoas transformadas, os procedimentos com o objetivo de melhorar a qualidade da pele gradualmente, como a bioestimulação de colágeno, são a grande aposta dos consultórios dermatológicos nos dias de hoje.
O colágeno é uma proteína produzida naturalmente pelo organismo que está presente em vários tecidos, como unhas, cabelos e cartilagens e ajuda na sustentação da pele. Até cerca dos 30 anos, nosso organismo produz os níveis ideais de substâncias que dão sustentação à derme, como a elastina, o colágeno e o ácido hialurônico, elementos responsáveis pela firmeza, elasticidade e tônus da pele. Após essa idade, o corpo diminui gradativamente a produção desses componentes. Aos poucos, a pele lisauniforme e firme dá sinais de perda de viço, flacidez, rugas e linhas de expressão.
A bioestimulação de colágeno é atingida através de técnicas sofisticadas e eficientes para recuperar essas fibras de colágeno danificadas e para ajudar o corpo a voltar a produzir esta proteína. Pode ser feita de duas maneiras:
• Bioestimulação Física:
Através de ultrassom, luz, laser ou calor. Os principais procedimentos são o ultrassom microfocado (suas ondas atingem e aquecem camadas profundas da pele causando a contração das fibras de colágeno e forçando-as a produzirem colágeno) e a radiofrequência microagulhada (microagulhas indolores que perfuram a pele enquanto a ponteira emite ondas de radiofrequência, que provocam um aquecimento homogêneo na região e estimulam a contração das fibras de colágeno e de elastina).
• Bioestimulação Química:
Injeções subdérmicas de substâncias reabsorvíveis e biocompatíveis, como o ácido poli-L-lático (Sculptra®), a hidroxiapatita de cálcio (Radiesse®) e a policoprolactona (Ellansé®), que têm a capacidade de fazer com que o organismo passe a produzir colágeno e, dependendo do produto, até elastina. Quando um desses ativos é introduzido, há uma leve reação inflamatória na derme, ativando os fibroblastos (células que produzem colágeno) que passam a produzir novas fibras que dão sustentação à pele. Os fios de polidioxanona – PDO (MedBeauty), feitos de um material biocompatível, estimulam a produção de colágeno e fibras elásticas através do processo de absorção pelo organismo.
Todos estes procedimentos são simples, seguros e não há necessidade de afastamento das atividades diárias.
Qualquer um desses métodos citados começa a mostrar resultados após 1 mês da aplicação, com pico de ação por volta de seis meses depois e mantendo a produção da proteína ativa por um ano, em média. Além disso, têm efeito tridimensional, atuando para garantir a firmeza da pele em suas três camadas, melhorando seu aspecto como um todo.
Seguindo essa tendência do rejuvenescimento (ou do retardo do envelhecimento) natural, surgiu recentemente o conceito de bioremodelação tecidual através de uma inovação no mercado dos ácidos hialurônicos, normalmente usados como preenchedores ou hidratantes potentes: o ácido hialuronico 100% puro, o Profhilo®. Ele reativa as funções celulares da pele e age em todas as suas camadas promovendo uma recuperação celular intensa e ativando funções lentificadas pelo processo de envelhecimento, como a produção de colágeno, elastina e ácido hialurônico.
Mas os resultados mais satisfatórios, já publicados em diversos estudos, vêm da associação dos métodos físicos e químicos, sendo a mais conhecida a combinação do ultrassom microfocado (Ultraformer III®, Ulthera®, Liftera®) com um dos injetáveis acima descritos. Atualmente, na maioria dos consultórios dermatológicos, são esses os procedimentos de base para quem quer envelhecer bem. Estes métodos também podem (e devem) ser associados a outros tratamentos como preenchimento com ácido hialurônico, aplicação de toxina botulínica e lasers.
Na medicina estética, para atingir resultados verdadeiramente harmônicos, é muito importante dar estímulos periódicos para o próprio corpo se regenerar acompanhando sua própria natureza. Com uma pele firme e saudável, qualquer outro procedimento realizado posteriormente terá um resultado muito mais bonito e, o mais desejado, mais natural.
TEXTO: Dra Marcela DELCOURT (dermatologista)