por Daniela Peroneo

CONFIANÇA

Todos nós queremos estabelecer relações de confiança com as pessoas que conhecemos. Mais especificamente desejamos relações assim com as pessoas que ocupam lugares importantes para nós.

Quando eu digo “todos nós” não estou generalizando, pois todas as pessoas adultas e com saúde mental que conheci até hoje possuem esse desejo, e eu realmente não conheço uma pessoa que diga “adoro estar perto de pessoas em quem não confio ou com quem não posso contar”.

Confiança pode ser pensada como base e alicerce de qualquer relacionamento! Confiança refere-se, dessa maneira, à solidez e àquela sensação de segurança, de proteção, de que existe uma pessoa com você valorizando quem você é e aquilo que vocês possuem juntos.

Contudo, apesar da beleza e da tranquilidade que criar uma relação de confiança possui, vejo pessoas com bastante medo de confiar em outras.

As justificativas para esse medo variam muito: o mundo atual em que vivemos, as características biológicas dos animais em comparação com os seres humanos, a liquidez da nossa sociedade, as experiências que já foram vividas.

Dessa maneira, atinge-se um contexto de generalização em algo que, talvez, devesse ser particularizado.

Acredito que construir uma relação na qual a confiança seja base só é possível em pessoas que tenham uma boa saúde mental, que possuam caráter e o desejo de abrir mão de algumas coisas por outras que julgam maiores e mais importantes.

Assim, vale pensar como cada um de nós vem nutrindo as nossas relações nesse sentido?

Como você tem agido com seus amigos, no seu relacionamento amoroso, com sua família ou mesmo no contexto de trabalho quando o tema é confiança?

Confiar em outra pessoa pode ser visto como um salto de fé! Você salta no meio da construção da relação (seja ela da ordem que for) e decide depositar na outra pessoa parte das suas crenças, parte das suas aspirações, parte do desejo de ser e de viver melhor. É exatamente isso que fazemos quando decidimos confiar em alguém.

Confiar é decisão. Mas essa decisão não é totalmente racional, assim como não é totalmente emocional. Ela envolve afeto, sentimentos, projeções, e ela envolve como você interpreta aquilo que o outro lhe dá quando conversa com você, a forma como age com você e o contexto da sua relação junto a essa pessoa.

Dessa forma, é muito triste o processo de perder a confiança em alguém ou quando alguém perde a confiança em você. Triste por confiança ser depósito adiantado de fé. Uma fé que te fez saltar e (quando o salto foi por alguém que não agiu de forma coerente) te leva a descobrir, caindo, que não tinha amparo para esse salto, que não havia rede de proteção. O tamanho do tombo depende do tempo e do significado de cada relação junto à forma como você trabalha e busca desenvolver quem você é.

Tombos geram medos, e cada um de nós age de formas diferentes frente aos próprios medos. Algumas pessoas paralisam, outras os enfrentam, outras ainda negam a existência deles e acabam trocando alguns ganhos primários por ganhos secundários. Cada um de nós apresenta comportamentos condizentes com nossas crenças pessoais, com nossa história de vida e com o momento e o contexto em questão.

Como já escrevi outras vezes, eu defendo a honestidade sempre, pois por mais difícil que ela seja, ela se refere a um ato de amor e de respeito ao outro, seja qual for a natureza da relação.

Além disso, também defendo que devemos plantar aquilo que desejamos colher. Assim, se você deseja ter relações de confiança com as pessoas, vá além das aparências e seja confiável!

Confiança é segurança, lealdade e também é o ato de valorizar ativamente, em cada escolha, a fé que o outro depositou em você.

Parte de quem somos e acreditamos ser como pessoas também está nessa relação de fé e de como correspondemos ou não a isso.

Dessa maneira, estamos interligados naquilo que damos, recebemos e como reagimos aos acontecimentos.

Todos nós estamos em construção constantemente, e é certo que você precisa ter caráter e ser confiável para acreditar que outra pessoa possa ser assim também.

Por isso, alimente em você o que deseja encontrar no outro e valorize cada pessoa confiável que você consegue encontrar em seu caminho.

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