Nos últimos 30 anos no mundo e não diferentemente no Brasil vimos um crescimento exponencial da obesidade na população, tanto que a própria Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), órgão nacional que rege a cirurgia bariátrica, advoga ser este um dos principais indicadores do aumento da procura de cirurgias para obesidade em nosso país.
Dados numéricos comprovam este aumento: de 2012 a 2017 o número de cirurgias bariátricas geral encontradas pela pesquisa realizada pela SBCBM cresceu em 46,7% nesse período; outro dado de extrema significância nessa mesma pesquisa apontou que no Sistema Único de Saúde (SUS) este crescimento foi de 215% entre 2008 e 2017. No capítulo do número de mortes evitáveis, uma publicação da BBC de 2016 demonstrou que as doenças cardiovasculares somadas ao diabetes representam a maior incidência,38%, das causas evitáveis, considerando a obesidade como o maior causador destas doenças. Assim sendo, o impacto da obesidade na sobrevida é de extrema relevância.
Quando falamos de população elegível para a cirurgia pensamos em aproximadamente 2,5% da nossa população, ou seja, aproximadamente 5 milhões de brasileiros com obesidade mórbida, associados ou não a comorbidades (diabetes, hipertensão arterial, linfedemas, doenças osteo-articulares, entre outras) apresentam indicação de cirurgia para o tratamento da obesidade.
Infelizmente esse aumento da procura muitas vezes denota uma facilidade irreal no objetivo da perda de peso, como se a cirurgia tornasse o emagrecer uma maneira mágica na qual o paciente em questão não teria que mudar os seus hábitos de vida e de alimentação. Esta mudança de hábito deverá perdurar para a vida toda afim de se obter sucesso em todo esse longo processo.
Sabemos que o tratamento clínico e medicamentoso da obesidade esbarra frequentemente na questão da manutenção da perda de peso; já a cirurgia proporciona uma perda do excesso de peso de maneira contundente e entrega uma manutenção desta significativamente maior em relação aos outros métodos. Porém, também encontra as suas falhas. Nenhum método infelizmente está isento da possibilidade da reengorda, pois dependendo da técnica utilizada e da maneira da condução dos hábitos de vida e alimentar dos pacientes podemos falar em 20 a 65% de reengorda, que pode ser desde o retorno aos padrões iniciais, como também com retorno à obesidade e eventualmente às doenças associadas.
Não basta responsabilizar somente o paciente pela obesidade .Essa responsabilidade precisa ser dividida com os profissionais de saúde que muitas vezes não dispõe de informações atualizadas sobre as diferentes estratégias da alimentação específica para perda e manutenção do peso e, dividida principalmente, com a indústria alimentícia. A indústria deveria priorizar informações relevantes como por exemplo: o uso da maltodextrina, xarope de milho até mesmo mel pode ser classificado como sem açúcar mas na sua essência não o é, e estes provocam o mesmo efeito que o açúcar refinado no nosso corpo. Destaques para rótulos contendo diet, light, zero, sem adição açúcar, sem glúten, viraram grandes chamativos porém, sem o real valor nutritivo e suas aplicações. O público em geral, que geralmente não tem o hábito de ler os ingredientes, deveria priorizar sua análise, munidos da informação que o primeiro ingrediente descrito é aquele presente em maior quantidade naquele produto e assim sucessivamente. É essencial que a preocupação com o que ingerimos, se torne uma regra.
O processo da cirurgia bariátrica então vai muito mais além do procedimento que o cirurgião fará, e que não é um passe de mágica. É carregado de muita técnica, indicações precisas, não isento de complicações e, que para dar certo, o paciente precisa ter a ciência da participação ativa não somente em toda a mudança dos hábitos, como da maneira como passará a encarar tudo na vida daqui para frente. É um processo de transformação.
Para saber mais sobre a técnica ou sobre o Dr Fernando Leal, para segui-lo no instagram.com/fernandolealpereira e o tel do consultorio: 11 3031-5388